A alimentação ao longo da nossa vida vai variando, evoluindo e ajustando-se às diferentes etapas, vivências e hábitos que vão sendo criados em cada pessoa. O papel do nutricionista é orientar, incentivar e acompanhar cada etapa, dando as melhores orientações de acordo com a evolução do conhecimento e de forma a permitir a melhor saúde e vitalidade individual. Enquanto noutras fases da vida estes ajustes são baseados essencialmente nos gostos e preferências de cada pessoa, ajustando-os ao nível de atividade física, hábitos de vida e eventual maternidade, devido à intensidade e velocidade dos acontecimentos hormonais que ocorrem na transição hormonal da menopausa, os ajustes alimentares e as recomendações têm de ser modelados para que permitam equilibrar o equilíbrio, autoestima e níveis de energia e saúde de acordo com as novas tendências e preocupações atuais. Muitas vezes, há que recorrer à suplementação para que o total equilíbrio possa acontecer.
Transição hormonal: por que é preciso ajustar a alimentação?
Alterações de sono, irritabilidade, flutuações de humor, calores, falta de libido, alterações de peso e formas corporais, flacidez cutânea, osteopenia e osteoporose, falhas de memória, cansaço e tantos outros sintomas ocorrem de forma aleatória, muitas vezes de forma cumulativa, e onde o estilo de vida, hábitos alimentares e suplementação podem de facto fazer a diferença, ultrapassando esta etapa de forma mais confiante, harmoniosa e saudável.
Perimenopausa: os primeiros sinais de que é preciso agir
Antes de se efetivar a menopausa, esta é geralmente precedida de um período conhecido por perimenopausa, onde os sintomas já se começam a instalar, mas onde a ausência total de menstruação ainda não completou 12 meses, existindo períodos irregulares. Ainda assim, os cuidados alimentares e ajustes no estilo de vida devem ser consolidados, ajudando a alcançar um maior equilíbrio na fase seguinte.
Quando chegamos a esta fase da vida, temos hábitos e rotinas muito enraizadas, pelo que qualquer indicação deve procurar afinar e orientar as correções de forma muito prática e fácil de efetivar de imediato, e lembrar que vamos sempre a tempo de mudar rumos muitas vezes desajustados para que possamos encontrar novos equilíbrios e rotinas alimentares, descobrindo ou redescobrindo paladares, sabores e alimentos que realmente nos façam bem.
Análises sanguíneas: o ponto de partida para um diagnóstico preciso
Mas por onde devemos começar? As análises sanguíneas completas como diagnóstico são, sem dúvida, um excelente ponto de partida para conhecermos mais em detalhe a situação de saúde da pessoa e, assim, começar a delinear um plano de ação e recomendações. Claro que devemos regularmente efetuar análises de rotina, mas aqui as indicações dadas pela analítica são primordiais para podermos acompanhar da melhor forma. As análises devem ser mais completas e incluir valores como testosterona, estrogénios, vitamina D, cortisol, colesterol, hemograma completo e tantos outros que servirão para que qualquer recomendação dada seja realmente efetiva e permita valorizar sempre a saúde.
"A alimentação deve ser sempre a base de uma boa transição hormonal." Dr Pedro Queiroz
O ajuste alimentar deve orientar para combinações e escolhas alimentares que facilitem os processos digestivos, procurando evitar os afrontamentos tão característicos desta fase. O incentivo a chás digestivos no final das refeições é um clássico. Verificar o aporte de alimentos ricos em cálcio é também de relevo, tendo em conta a maior propensão a questões como a osteopenia e osteoporose. Prevenir a diabetes, muitas vezes causada por desajustes alimentares e excesso no consumo de doces e inatividade física, deve também ser tido em conta.
A tríade de ouro: cálcio, ómegas e leguminosas
Mais que sermos rígidos, devemos também procurar escolher e recomendar alimentos que promovam a saciedade e estabilidade de espírito e que possam atuar também na prevenção de doenças como o Alzheimer, pelo que alimentos ricos em ómegas 3 e 6 são geralmente muito recomendados. Tal como as leguminosas, seja em sopas ou em estufados, pelo seu papel saciante e riquíssimo em variadas fibras que promovem a saúde digestiva. Não posso deixar também de reforçar o consumo de líquidos, seja água, chás ou infusões. E depois tantos outros detalhes como alimentos ricos em potássio e magnésio, e tantas outras vitaminas e minerais que afinam e reforçam o nosso sistema imunitário.
Suplementação e acompanhamento profissional: o toque final
Vemos assim que a alimentação deve ser sempre a base de uma boa transição hormonal e que muitas vezes os apetites e tentações são estimulados por esta transição. Em casos mais delicados, a suplementação é fundamental e deve ser feita, mas sempre sob acompanhamento de profissionais de saúde que possam compreender a sua saúde como um todo, não suplementar só porque sim. Cada pessoa é única, cada recomendação deve também ser única e individual, respeitando hábitos e costumes, mas fomentando novas rotinas, mais saudáveis e que promovam um reequilíbrio de saúde e autoestima que favorece depois a adoção de novos hábitos para a vida. Deve-se aproveitar esta fase para fazer um balanço e tirar conclusões sobre a forma como queremos evoluir e ser mais saudável. Seja por isso a sua melhor versão, pois muitas vezes esta acaba por ser a melhor fase da vida da mulher, desde que corretamente acompanhada e com a saúde reforçada. Comece hoje a cuidar mais de si.
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