Há frascos que parecem jóias, embalagens que guardam segredos e aromas que colam à memória. Na Casa do Design, em Matosinhos, abriu portas uma exposição que mergulha no universo sensorial e visual do perfume. Chama-se “Fragrância e Forma: Design e Cultura do Perfume” e traça, através do design, mais de dois séculos de história perfumada.
A curadoria é de Andrew Howard, designer e investigador, e a exposição parte da vasta coleção privada de Afonso Oliveira, profissional da área da cosmética e colecionador há mais de 15 anos. São mais de 5300 peças organizadas num percurso expositivo de 1200 metros quadrados, onde o perfume é visto como ideia, estética e matéria.
Ao centro da exposição estão os objetos que envolvem o perfume: frascos esculpidos em vidro ou cristal, embalagens ilustradas com flores, monogramas e símbolos políticos, e etiquetas que contam tanto quanto os aromas que anunciam. Como explica o curador, “o perfume apela ao nosso sentido olfativo, mas a sua materialização é concebida de forma a apelar ao sentido estético. É por isso que os objetos desenhados para conter perfume, os frascos ricamente produzidos e as respetivas embalagens, são o ponto central desta exposição.”
O percurso revela também o papel da perfumaria portuguesa, nascida entre laboratórios farmacêuticos do Porto, Braga e Lisboa, e transformada em indústria com marcas próprias, publicidade e expressão cultural. A mostra inclui 260 perfumes nacionais, 240 internacionais, caixas de pó de arroz, sabonetes e uma zona onde é possível explorar as matérias-primas das fragrâncias – como lavanda, âmbar, jasmim, baunilha ou musgo, entre outras. São aromas que habitam a memória coletiva e que, aqui, se descobrem também através do olhar.
Para além do design, esta exposição convida à reflexão sobre como os objetos transportam ideias, desejos e sentidos. “São objetos desenhados que resultam de histórias e processos materiais particulares, contextos que dão sentido ao seu ser e à sua forma”, lê-se no texto curatorial.
A exposição é uma organização da Câmara Municipal de Matosinhos e da esad—idea, Investigação em Design e Arte, com um cuidado expositivo que combina história, estética e sensorialidade. “Fragrância e Forma” pode ser visitada até 30 de setembro de 2025, com entrada livre. Há tempo para deixar que cada frasco conte a sua história ou liberte o seu aroma.
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